sábado, 28 de abril de 2007


Eu adoro esse texto... peguei na web ... é lindo.


Aprendi com meu pai 02.agosto.2006
In memorian Rubens Böttcher – * 13/09/1946 / † 04/07/1998

Meu pai tinha o dom da alegria – o que não quer dizer necessariamente que fosse feliz; quer dizer que ele era capaz de rir e sorrir de coisas tolas, de continuar olhando o lado bom na adversidade, de persistir onde a maioria desiste.
Ele era um homem bonito: os olhos verdes, sempre brilhantes; a pele clara, os cabelos louros, um charme elegante no jeito de andar. Sempre gentil, galante, sedutor – um mestre, aliás, na arte de seduzir: quando conheceu minha mãe tinha sete namoradas.
Seu tom de voz era alegre, suave e ele raramente se alterava. Contava piadas (tinha um arsenal delas!) e vivia assoviando como se a vida se resumisse numa canção sem fim. Adorava Roberto Carlos e colecionava seus discos. Uma das imagens que guardo dele é a das manhãs de sábado, quando ele lavava os carros encarnando o próprio astro: a mangueira virava um microfone na garagem molhada. Eu ria muito...
Meu pai era um homem cansado. Penúltimo filho de imigrante alemão e uma ‘dama da noite’ – sim, meu avô recém chegado da Alemanha em guerra apaixonou-se por uma prostituta e casou-se com ela tendo sete filhos -, foi criado com a rigidez da cultura alemã num país tropical. Para ele, um homem de espírito e alma livres como minha avó, a infância e adolescência foram uma prisão de atribuições e responsabilidades. Ele se formou engenheiro mecânico, mas exerceu a profissão por apenas dois anos: precisava da liberdade das ruas, bastaram-lhe vinte e poucos anos de quatro paredes delimitando espaços.
Meu pai fez muitas coisas: trabalhou na bolsa de valores, teve restaurantes, lojas de roupas, aviamentos, de materiais de construção, uma das primeiras casas de café nos moldes atuais, mais de vinte anos antes desse modismo: era um visionário. Nunca o vi sem trabalho, estava sempre em movimento - um olho no agora, outro no futuro. Meu pai lia muito e era um homem inteligente, cuja mente nunca parava de pensar. Mas a coisa que ele mais gostava de fazer, era desenhar projetos de casas e construí-las. Isso nos tornava quase ciganos: quando ele acabava de construir uma casa, já tinha planos para outra - muito maior e melhor. Vivíamos mudando...
Meu pai era um homem corajoso, que nunca se deixava abater. Para as pessoas com quem convivia, tinha sempre uma palavra amiga, um conforto, e uma história divertida pra roubar um sorriso, mesmo de quem estava às lágrimas. Ele enfrentava o revés de peito aberto, e parecia não temer nada. Suspeito de que essa última observação seja uma meia verdade: muitas vezes eu o ouvi andando de um lado a outro durante a madrugada, o que me remete a pensar que ele também travava batalhas para exorcizar seus fantasmas.
Claro: meu pai tinha defeitos, era humano e normal. Mas não vou me perder em listá-los, porque eles se perdem diante da grandeza de suas qualidades. Problemas familiares são inevitáveis e talvez sirvam mais para acentuar o melhor das situações e das pessoas envolvidas.
Quando aos 49 anos descobriu um câncer no fígado, tratou de resistir à má surpresa, driblar a tristeza (à própria e a nossa, especialmente à minha), reuniu suas forças e, resignado e valente, encarou a doença de frente: nunca reclamou da dor, dos tratamentos exaustivos, dos remédios amargos, da crueldade do destino – só da comida sem sal e da falta de vitalidade para praticar tênis, seu esporte favorito. Foi difícil vê-lo definhar, dia-a-dia sem poder conter o tempo. Foi muito difícil ver uma parte de mim partindo, virando névoas, sombras numa escuridão para sempre sem luz.
Oito anos se passaram e, de fato, nunca me recuperei dessa perda: todos os dias uma parte de mim chora essa ausência. Com meu pai aprendi de caráter, de humildade, generosidade, esperança, lealdade e verdade. Aprendi de perdoar – muitas vezes, a mesma pessoa todos os dias. Aprendi que sem trabalho não há sorte que nos acompanhe e que é preciso insistir. E todos os dias também me lembro que entre tantas coisas boas que minha memória abarca dessa figura tão especial para a minha vida, uma das lições mais importantes que recebi do meu pai foi a de que nada deve nos paralisar. Sempre haverão obstáculos, entraves, descaminhos; a questão principal é como queremos enfrentar isso tudo: deixando-se dominar ou resistindo bravamente. Nem sempre consigo me manter na segunda opção, mas me orgulho de ter o legado de alguém que, apesar de ventos nem sempre favoráveis, nunca se
deixou ficar no chão...

...porque em certos momentos eu só tinha vontade de sentar e chorar, mas enfim, "crescer é isso. saber que o mundo desaba sobre seus ombros todos os dias, e nem por isso você deixa de regar sua planta, ou fazer seu café com calma, ou assistir a um programa favorito." enfim, a gente sabe que tem que tocar pra frente e continuar, mas vez por outra, precisamos ser lembrados disso. E foi isso que me fizeram naquele dia. Lembraram-me que eu tenho muito mais motivos para agradecer do que para desistir...

sábado, 21 de abril de 2007



Vaga-Lume


Estou sozinha com a poeira da estrada. Respiro fundo mais solidão que é pra me acostumar com ela e sentir-lhe o alento. Estive contemplando o céu durante horas, dias, anos. As estrelas me olharam como se eu fosse uma flor pequenina e tola. A lua veio algumas vezes mostrar sua intimidade com a terra e eu era um animalzinho triste. Muitas coisas se passaram e eu fiquei aqui parada olhando, tentando entender. Vento vem, calor vai, chuva para as borboletas. Aninharam-se as pombas cinzentas, passou por mim um cão de olhar cabisbaixo e um cavalo sem dono. Cena de abandono. Quando o arco íris tomou meu tempo sorri e falei sozinha. Sentei numa pedra grande e boa, pedra generosa e maternal. Talvez de longe se ouvisse o acelerar do meu coração quando os carcarás pensaram que eu era uma ave morta. Nunca morri tanto. Sozinha. Quando não queria estar. Voltei para o mundo e esqueci na estrada o meu lenço de chorar e meus enfeites de alma (aqueles, dos quais te falei ao entardecer de um dia qualquer). Alma que não existia quando você chegou e que ficou na estrada no meio da poeira vermelha da terra viva. Não tenho lógica. Não tenho pai, não tenho mãe. Sou uma folha seca voando pelo vão da noite pura. Virgem. Ensolarada. Ramos de flores balançam em meus aforismos de menina. Os vermes comem a terra por baixo das tocas dos ratos. Só a borboleta voa e, ali, a folha muda, surda, funda, oriunda de uma árvore seca, retorcida, negra. Seca, seca. Um incêndio passou, deixou tudo seco, tudo aparentemente morto, mas amanhã vem o verdume, quando a chuva molhar as raízes todas, mães, vivas, absurdamente vivas. Corre o tempo. Passam as horas, modifica-se o espaço. Não ouço badaladas, não há igrejas. Não passa ninguém. É só o vento que me diz palavras de vento redemoinhando, hora misturadas, hora combinadas. Lembrei-me: vem, me tome como uma flor que se arranca da planta na beira da estrada e cheire meu perfume de antes. Aquele perfume. Acaricie minhas pétalas para que elas se tornem mais macias e brilhantes, mais intensas na cor e no olor. Ou me tome feito mulher, que se pronuncia, que te devora, que te aniquila e que te recria, sujo de desejos singelos, pervertidos segredos. Descubra meu nome e assombre a minha dor, reconheça-te em mim. Chame os vaga-lumes para que a noite seja respingada de luz. Não se aborreça se um dia eu lhe roubar o sono por horas a fio a te investigar os detalhes, as pequenas diferenças que existem de você entre todos os outros. Os poros da sua pele macia, nova, forte, minha. Os pelos. Os vincos da vida. As mãos, os riscos, as doces infantilidades. Quando eu espalhar o suor seu nas suas costas e nelas me encostar pra sentir-lhe a umidade, seja bom comigo. Quando eu cheirar a sua nuca e seus cabelos, e afagá-los como quem molha a mão na nascente de um rio, seja um rio perene. Me desfolho como seca árvore do cerrado. Esqueci. Ah, a poeira da estrada!

sábado, 14 de abril de 2007


Presente lindo de Deus!!!!

Pessoal, tem coisa mais fofa nesse mundo?? Conta pra mim???

Família Buscapé II



Eu, minha irmã Lidiane, meu filhote Leonardo.. e o mais novo integrande do clã..

Gustavo

sexta-feira, 13 de abril de 2007


É mais ou menos assim: o bebê nasce e você passa uma semana atordoada se recuperando do parto. Enquanto isso, ele está lá, deliciosamente pequeno e dependente, mamando e dormindo como um anjinho, chorando só quando tem fome.

Quando tudo parece o paraíso (bom, fora os seios machucados e o assombro da novidade), começam as cólicas, provocadas por gases, dizem.

É incrível como um ser tão pequeno consegue emitir tantos decibéis, é um som estridente e insuportável que acompanha a primeira dor de barriga de uma pobre criança.

Existem mil dicas para acabar com as cólicas de uma pessoa que ainda não aprendeu coisas simples da vida como soltar um pum.

Já tentei massagem, chá de funcho, óleo, agora estou na fase do luftal e do funchicória..aff.. ainda bem que é só até o 3º mês!!


sábado, 7 de abril de 2007


O novo integrante da família Buscapé... Gustavo Malacarne!

Seja bem-vindo meu amor!!!